Futebol árabe mira Brasileirão e vira pesadelo para os torcedores
Sucesso dos treinadores brasileiros e transmissão do Nacional na TV árabe fazem crescer interesse dos clubes do Oriente Médio
Araújo (ex-Cruzeiro) foi o artilheiro do último Campeonato do Qatar, pelo Al Gharrafa
Ele levou o treinador do Inter, fez o principal jogador do Grêmio ser odiado pelos dirigentes após deixar o clube e quase tirou o técnico do líder Flamengo. O futebol árabe, que assim como a Europa está agora no intervalo entre temporadas, promete causar estragos ao Campeonato Brasileiro.
A lista de jogadores que estiveram ou estão na mira é grande: Marcinho, Leandro Amaral, Alex, Guiñazu, Carlinhos Paraíba... O mercado árabe vai se transformando num destino potencial para brasileiros, como antes já foram o Oriente (Japão/Coréia do Sul) e o Leste Europeu.
Até então, a quase totalidade dos brasileiros no futebol árabe era formada por jogadores pouco conhecidos por aqui. O meia Felipe e o atacante Araújo, que foram para lá nos últimos anos, são exceções. Mas em breve devem ganhar companhia, como indicam as contratações do ex-colorado Fernandão e do ex-gremista Roger.
Uma das causas é a invasão de treinadores brasileiros no chamado mundo árabe - que na verdade se resume a Qatar, Emirados Árabes e, em menor escala, Arábia Saudita. Estão por lá Marcos Paquetá (Al Gharrafa-QAT), Paulo Autuori (Al Rayyan-QAT), Zé Mário (Al Arabi-QAT), Toninho Cerezo (Al Shabab-EAU) e, agora, Abel Braga (Al Jazira-EAU) e Emerson Leão (Al Sadd-QAT).
Esse grupo, que quase foi reforçado por Caio Júnior, anda com prestígio. Na última temporada, os títulos do Qatar e dos Emirados Árabes ficaram com brasileiros: Paquetá e Cerezo, respectivamente.
- Apostaram por muito tempo em treinadores europeus, e não deu certo. Agora, já existem até empresários árabes que falam português, para facilitar o contato - explica Paquetá.
As diferenças entre os principais mercados do futebol árabe
QATAR por Marcos Paquetá | EMIRADOS ÁRABES por Alexandre Gama | ARÁBIA SAUDITA por Rodrigão | ||
NÍVEL TÉCNICO | "O futebol é semiprofissional. O brasileiro precisa ter paciência com os outros jogadores, sabendo que vai auxiliar o treinador" | "O nível técnico não é bom, mas a gente vai para lá sabendo disso" | "É forte, semelhante ao Campeonato Português. O meu time tinha seis jogadores que disputaram uma Copa" | |
SALÁRIOS | "Se o cara ganha R$ 100 mil no Brasil, vai receber facilmente o triplo nos dois países. Se chorar, ainda ganha mais. No Qatar, paga-se um pouco melhor. Mas tudo depende da vontade deles. Se quiserem um reforço, não vão medir esforços", diz Alexandre Gama | "O salário pode ser o dobro do que se ganha no Brasil ou mais. É bom financeiramente, mas é difícil receber..." | ||
MÉDIA DE PÚBLICO | "A torcida é pequena, menos de mil pessoas, a não ser em grandes jogos. A final da Copa do Rei teve 60 mil pessoas" | "Os jogos têm três mil pessoas. Nos clássicos, lotam os estádios, geralmente com capacidade para 20 mil pessoas" | "Nos jogos do Al Hilal, havia umas 30 mil pessoas por partidas" | |
COMPORTAMENTO DA TORCIDA | "Não há muita cobrança. O técnico não vai cair por causa de um resultado ruim" | "A abordagem a estrangeiros é quase nenhuma. Existe um pouco para os árabes da seleção, mas nada que se compare ao Brasil" | "O torcedor é tão fanático quanto o brasileiro. As mulheres, que não se aproximam do jogador, tiram fotos escondidas" | |
BARREIRAS CULTURAIS | "O jogador brasileiro leva uma vida normal, ou quase. As maiores dificuldades são o idioma e a falta de glamour do futebol local" | "Um brasileiro se sente em casa. A mulher pode andar normalmente nas ruas, e há bares para estrangeiros onde se pode beber chope" | "É um país fechado. As mulheres só andam de burka nas ruas, e não são permitidas bebidas alcoólicas" |
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